sábado, 12 de junho de 2010

Quinta feira foi meu aniversário (10/06), sinceramente fiquei o dia todo com o coração apertado, bateu mais saudades da minha mãe...do meu irmão (que hoje 12/06 estaria completando 24 anos...parabéns Fa), do bolo de chocolate com morango que fazia tanto sucesso nas reuniõezinhas que fazíamos em casa para comemorar.


A tristeza e saudade que fiquei sentindo o dia todo sumiram quando cheguei a noite do trabalho...primeiro o Ricardo me surpreendeu com um anel lindo e um pedido de casamento – isso mesmo...casamento, não preciso nem dizer o quanto amei e claro que não deixei de pensar em como esse pedido e esse anel devem ter deixado minha mãe pulando de alegria lá em cima...amei a surpresa...que pena que o anel ficou grande, mas já levei para diminuir...quarta feira já estarei de aliança.

Depois fomos para minha casa e mais duas surpresas, primeiro meu pai comprou um perfume maravilho para mim e detalhe: sozinho, e depois a Paty, o Léo e o Du vieram de Sorocaba especialmente para me darem os parabéns e ainda trouxeram o bolo...não poderia ter sido melhor...ficamos aqui em casa, comendo pizza (ah o Ricardo e Fernando – meus primos também estavam aqui) e teve até parabéns...rimos muito e nos divertimos....como foi bom.

Quando eu já estava me preparando para dormir, surgem no meu quarto – Claudia, Vânia, Jorge, Ale e Thiago, mais um bolo surpresa...mais parabéns, mais alegrias...nossa rimos dobrado zuando do coitado do Ale e sua verruga bem no rosto – coisa monstruosa como disse o Jorge...fiquei tão feliz em saber que não estou sozinha e que nunca vou estar...e sabe porque – porque não sou cercada apenas pela minha família, mas também por esses amigos ótimos que tenho e que estão sempre...sempre comigo!!! AMO VOCÊS....

Ah, claro que também não podia esquecer que ganhei um presente adiantado da Regiane, que está sempre...sempre comigo e torcendo por mim...

Hoje foi uma noite diferente, especial e por mais que meu coração estava aqui apertadinho fiquei muito...muito feliz!!!!

Agradeço a todos pelo carinho e por serem meus amigos!!!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Mais uma perda...mais uma vez vou ter que me acostumar, me adaptar.


Em janeiro de 2009 perdi minha avozinha, quando aconteceu me senti um pouco sem chão, lembrei do tempo em que era criança e ficava a tarde toda em seu quintal chupando cana enquanto ela descascava, fui mais longe ainda e me lembrei de quando meu irmão nasceu, na raiva que eu sentia de ter que dividir tudo e como minha avó foi paciente comigo...foi ela quem fez com que eu me aproximasse do meu irmão...aprendi até a dar banho nele...então ela se foi e minha mãe mostrou uma força que me dava medo.

Alguns meses depois e minha mãe começou a emagrecer, no começo achávamos que era depressão, depois hemorróida e depois de muita dor, muitos exames a descoberta de seu câncer...um tumor no reto...sua primeira consulta com a oncologista foi no mesmo dia que eu comecei a trabalhar, lembro que fui mais meu pensamento e meu coração estavam com ela...consigo me lembrar do medo e desespero que tomou conta de todo mundo, afinal só de pensar nessa palavra dá um frio na barriga.

Os meses foram passando, minha mãe emagrecendo cada dia mais, ficando cada vez mais debilitada, mas sempre lutando, fazendo seus tratamentos, indo várias vezes por semana para São Paulo, nessa época tivemos ajuda de vários amigos...nos revezávamos para não ficar cansativo para ninguém...radioterapia, quimioterapia...nesse meio tempo tive que aprender a me virar...a ajudar na casa, a tomar “conta” da cozinha, a me aventurar na culinária...meu irmão sempre junto, me incentivando...nos ajudando.

E simplesmente em um domingo encontro ele morto em seu quarto, desespero, angustia...sofrimento, sei que deveria pelo menos aprender a conviver com isso, mas não consigo, a imagem de como o encontrei em seu quarto não sai da minha cabeça...quantas vezes me perguntei o porque, em que ele poderia estar envolvido para ter feito isso, no quanto estava sofrendo por ver minha mãe doente, sem esperança...um ato de covardia – um ato de coragem – uma fuga que quebrou minha família...

Não consigo aceitar, talvez essa negação me faça muito mal, mas eu queria tanto que ele estivesse aqui, dividindo comigo essa dor.

A morte do meu irmão foi consumindo minha mãe, ela lutou bravamente para conviver com a doença, com a dor da perda, continuou seus tratamentos...mas infelizmente a doença foi muito mais cruel, muito mais forte – dizem que o câncer é a doença da alma, que se manifesta quando estamos nos momentos mais delicados das nossas vidas e que precisa de muita força, muita vontade de vencer a doença...eu achava que minha mãe tinha essa força, essa vontade...mas a falta do meu irmão venceu.

Ela já não estava muito bem, mas lá no fundinho eu achava que o tratamento iria dar certo, mas o tempo foi passando e minha mãe foi perdendo a vontade de viver e de lutar...eu via no seu olhar seu cansaço, sua entrega...briguei tanto com ela, quantas vezes cheguei em casa e pedi para que andasse um pouco, para que tentasse sorrir...viver!!!

Em seu aniversário fiz uma pequena reunião em casa, nesse dia senti que seria a última “festa” da minha mãe, engraçado como meu coração ficou apertado e quinze dias depois a sentença: não tinha mais o que fazer, o tratamento não estava dando resultado e o câncer já tinha tomado conta dos seus órgãos principais: reto, pulmão, fígado, rim...desse dia em diante minha mãe não levantou mais da cama...pelo contrário foi sumindo nela e nosso sofrimento só aumentando...sentia um aperto no coração cada vez que tinha que voltar para casa...cada vez que meu celular tocava.

Nossa vida tornou-se uma cansativa ida a farmácias...enfermeiros entrando e saindo da minha casa, minha mãe com fralda, comendo muito pouco e bebendo muita pouca água...é muito egoísmo pensar que ela devia continuar lutando...eu pedi a ela que ficasse até meu aniversário, mas no fundo eu sabia que ela não agüentaria.

Na quarta feira passada cheguei em casa e ela gemia de dor...entrei em desespero e fiz tudo que podia para amenizar, para que diminuísse, ajoelhei ao lado dela e pedi para que desistisse, para que fosse cuidar do meu irmão que nesse momento estava precisando muito mais dela do que eu...lia a bíblia, fiz orações e após muito sofrimento ela foi se acalmando, fui deitar então para descansar e as 2h30 meu pai me chamou dizendo que ela já não estava mais conosco...vi mais um morrer dentro da minha casa, mas dessa vez foi diferente, embora doía muito, pelo menos ela não estava mais gemendo de dor...não estava mais sofrendo...

Hoje sinto falta nas pequenas coisas e tive que aprender muito mais...agora tenho uma casa inteira para cuidar, tenho um pai que precisa muito de mim...chegar em casa e não vê-la dói tanto...dói ver que as coisas estão do mesmo jeito que deixei...que ela não estará mais aqui para brigar comigo e dizer o quanto sou bagunceira.

Não vou cansar de agradecer todos os dias pela mãe que tive, pela sua força...tudo que sou, que aprendi, que vivi devo a essa mulher que sempre fez tudo para mim e para meu irmão...e hoje me deixou aqui para fazer pelo meu pai.

Todo mundo diz que sou forte, mas não sou nada...estou aqui escrevendo e chorando, com o coração apertado, pensando no que vai ser o dia de amanhã...ainda estou um pouco anestesiada, mas tenho medo de me desesperar...olho suas fotos e sinto um aperto forte no meu coração...não é fácil, não vai ser fácil e ninguém disse que seria...